segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Série Cartas (V): Manhã de São Silvestre com a lembrança de um amigo





Abaixo transcrevo esta belíssima epístola poética, endereçada a nós, com afável voluntariedade pelo escritor e poeta Raimundo Carneiro Corrêa.    
Francisco Brito


MANHÃ DE SÃO SILVESTRE
Com a lembrança de um amigo


Envolve-me o vazio...
Silêncio com os oitizeiros
- dois gordos frades verdes, altos
em cantochão no adro da capela,
enquanto borboletas
em voos se escrevem
como se de uma mão aflita
por achar-se num poema.

Oh! Espanto flauta rolinha fogo-apagou!
Conta!... Do que me dou
a crer que a vida é presente
de um desembrulhar-se
que vem de estrelas,
quais pirilampos
para uma noite de festas!

Mas, tudo efêmero! Por se apagar...
A vida,
não é esse sonho amor
buquê de flor.
a vida! Corrida!
Mais que concorrida
manhã paulistana de São Silvestre!

Como o meu é o último lugar...
Com que louros a vida há de me coroar?!
Sem o prêmio, mas singular ramalho
dos verdes que jamais fenecem,
adventícia alegria vem-me de abraços
à sombra de um Brito Carvalho!


Raimundo Carneiro Corrêa
Esperantinópolis-MA, 31 de dezembro de 2012.

A carta original do poeta. E o poeta da carta entre nós.

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