quinta-feira, 14 de março de 2013

À Poesia do Mearim...

No dia da poesia, que vejamos a "nossa" POESIA!


Foto:Ana Néres
Imagem de uma casa de taipa (pau a pique)
O olhar viu poesia no encontro das cores
do barro que constrói nossos caminhos
e o lugar no qual muitos de nós
ainda agasalha os sonhos!
“Poesia, porque a vida não basta”, porque o sonho não desenhado em letras não se perpetua, porque a escrita sem emoção não satisfaz nem a razão... Poesia porque a vida urge em viver além da matéria, porque o que se vê ganha outro sentido, porque o que se canta preenche mais motivos...

Poesia enramada nas vazantes, enraizadas em campos verdejantes, deitada numa rede na latada enquanto é acariciada pelo vento que  nina a correnteza... e também nossos instantes...

Poesia do babaçu, seios morenos, da palma harpa pelo vento... do cheiro de terra e da mata...  da esperança verde a qual não se desmata...

Canções soam de todos os cantos, do sabiá que não se rende, e em seu posto altivo a voz ainda suspende, por entre as as serras irmanadas... nosso refúgio, pro dito progresso: a barricada...

Um verso tecido pelas mãos, uma  semente estrofe em terra semeada, acolhida, e bem agasalhada, papel, poema fruto plantação...

A poesia é planta nativa, flor da beira da estrada, é natural e não semeada, não desabrocha em jardim... é ramo deixado na janela, é prenda a esperar por mim...

Do sabiá que fecha a vereda, o espinho e o perfume... do quadro interiorano a arte que o resume, o olhar do ipê e no amor pela terra que um povo assume...

Inspiração sossego deita o sol, tomando à noite a lua morna, bronzeando olhares apaixonados, no espelho Mearim de águas, refletem os enamorados...

Na calma da noite escreve a alma, pelas frestas o silêncio no pau a pique exala... reclina a cabeça em branco algodão, versado fio a fio por poemas mãos...

Poesia porque o chão é duro, e a falta não preenche os que separam os muros, e o povo que na praça recita é dono de seu mundo!

Poema porque o pão ainda é pouco, e o povo que não tem, nem canta é louco, pois perdeu a parte mais exata da razão...

Poesia porque a vida é dura, é inteligente quem adoça a labuta, com a garapa tirada da própria plantação...

Poema porque o tempo é breve, e quanto mais se vive, mas se perde, a noção do belo da canção...

Poesia porque a arte é do povo, não tem quem a domine ou a sequestre... é  matéria prima, é identidade é gozo, e não há porque a renegue...

Poema porque a escrita é direito, viver, saber e perpetuar os feitos, é sinal de humanidade e inteligência, uma odisseia em prol da existência!


Ana Néres Pessoa Lima Góis

7 comentários:

  1. Que descrição, riqueza de detalhes, isso é poesia. =)

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  2. Poesia, "porque o momento exige"...Texto muito interessante... Parabéns, poeta.... Beijos!!!!

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    Respostas
    1. Obrigada pela visita e pelo carinho Suely!!! Seja sempre bem-vinda!

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  3. Poesia é vida vivida
    O que mais se quer ?
    E se não é vivida
    Sempre poderá viver !
    Instante mágico docser
    A poesia é assim como você !

    Farilance-2015

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  4. Poesia é vida vivida
    O que mais se quer ?
    E se não é vivida
    Sempre poderá viver !
    Instante mágico docser
    A poesia é assim como você !

    Farilance-2015

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