FONTE:http://www.citybrazil.com.br/ma/pedreiras/galeriafotos.php |
Rita
Pereira de Oliveira¹
O
ser humano vive inebriado de poesia, pois ela encontra-se impregnada no mundo,
e muitos nem desejam escapar. É bonito ver que mesmo as pessoas que não tiveram
oportunidades de receber a instrução em um ambiente escolar, conseguem se
expressar tão bem e, por vezes, nos surpreendem com frases soltas de uma riqueza
poética surpreendente. Ao mesmo tempo em que desfiam sabedoria, inspiram poetas
a eclodir seus mais significantes versos a partir de elementos sui generis.
Para
Aristóteles (1987, p. 234) “a poesia
tomou diferentes formas, segundo adversa
índole dos poetas que eram atraídos para este ou aquele gênero de
poesia.” Provavelmente o filósofo amante das artes referia-se a os
segmentos poéticos populares e clássicos evidentemente.
Fazer
critica literária é, para os grandes, para quem é dotado de sensibilidade,
assim como escrever poemas é inerente aos sensíveis. O francês Charles
Baudelaire, precursor do simbolismo e considerado o pai da tradição moderna em
poesia, além de grande pensador, não deixa por menos e se arrisca em afirmar
que todos os grandes poetas são também bons críticos. Certamente Baudelaire
refere-se à capacidade que têm os poetas de trabalharem seus versos com a
preocupação de tornarem-se tão abrangentes a ponto de parecer estar fazendo
poemas dirigidos.
Segundo
Massaud Moisés (1967):
“A história da prosa poética ou dos
vínculos entre a prosa e a poesia, orienta-se por dois vetores: 1) a história
da pratica dessas relações, e 2) a história dessas categorias e dos conceitos
empregados para discriminá-las. O uso do binômio num mesmo texto é antigo.
Tardia é a critica desta fusão, contemporânea ao advento da estética romântica.
A prosa literária é historicamente posterior a poesia foi pela transferência de
predicados dessa ultima que a outra se constituiu.”
Em
se tratando de prosa poética há indícios de que Isócrates foi o pioneiro na
matéria ao escrever o Encômio de Evagoras (435 -376 a. C), Rei de Chipre,
seguido de Xenofonte, com Angesilaus e Ciropedia. A prosa dos sofistas de
Alexandria, conhecida como, a “segunda sofistica” dá prosseguimento a esse
processo em que a pura poesia em verso é sucedida pela pura poesia em prosa.
A
poesia precede à prosa. A primeira já existia desde o início da cultura
ocidental e viu nascerem todas as literaturas, predominando durante séculos. A
prosa só aparece a partir do século XVIII com o romantismo. É importante frisar
que se trata da prosa literária, pois a prosa eloquente (oratória) e a prosa
discursiva (de filósofos, juristas, cientista etc.) já existiam com raros sinais
de poesia.
O
poeta Samuel Barrêto envereda desde cedo pelos caminhos da poesia, acalentado
pelos versos de sua avó e de seu pai. Com uma dose de sabedoria e humildade vai
versando por onde passa. Sabe como ninguém aproveitar de todos os recursos que
a vida e a sua cidade lhe oferecem, e deles tira seus mais belos poemas. Tem um
carinho especial por sua terra e consegue transformar esse sentimento em
poemas.
O poeta parece mais que homem é um
ciclone de sentimentos, pois não se concebe poesia sem sentimentos. Já dizia:
(WALTS, 1953, p. 59, apud Massaud Moisés) “a
poesia é a arte de comunicar a emoção humana pelo verbo musical”.
“O
amor que suporta os anos de guerra
Jamais
abandona a sua querida terra
Nos
acordes poéticos do forte baião”
Samuel Barreto*
Mergulhando
no mundo poético de Samuel Barrêto e o seu amor pela sua cidade, é possível identificar
uma marca, a da saudade. Ele trata a sua querida Pedreiras,como se estivesse
longe dela. Quer com isso dizer que já compôs a sua “canção do exílio”, embora o
tenha experimentado, mas põe-se no lugar dos seus compatriotas que se vão em
busca de melhores condições de trabalho ou outras buscas:
Tempo e Idade*
Fui para bem longe
Queria tentar a
sorte
Só ganhei uma fria
saudade
Apertando o peito...
Cheiro de morte.
Voltei para minha
terra,
Para viver um sonho
Que hoje já não é
meu.
Os amigos; alguns já
se foram,
Outros foram embora,
E os que ficaram
Vivem uma dura
realidade
Na luta do dia a
dia.
Tento ser o mesmo de
outrora,
Jogar bola, banhos
no rio,
E a liberdade
Na carreira do
tempo.
Sofro... Nem mesmo o
Velho Rio
Tem o mesmo
trajeto...
O caminho é outro.
Tenho que ficar,
pois aqui está
Cravada a minha
história,
Ela que é pedra sob
pedra
E nunca se dividiu
dentro
Do meu velho peito,
Sou um só... Vivo,
E ando em lentos
passos
A procura da minha
felicidade.
Samuel Barreto
Como
identificar a prosa poética nas canções do poeta Samuel Barreto? É fácil. Basta
observar durante a leitura de um dos seus poemas. É como estar lendo uma
narrativa. Mas, uma narrativa poética enriquecida de um tom melodioso, já que é
uma marca do poeta a musicalidade em seus versos:
Pedreiras*
Pedreiras*
"Cidade que mora em mim
Fazendo parte do meu eu,
Toma conta das minhas vontades,
Num eterno jogo de bem querer.
Te amar é uma questão natural
Que queima-me o corpo e a alma,
Nunca imaginei-me sem está em ti,
Sei bem que se não tivesse nascido
Nas tuas entranhas, tinhas nascido
Dentro de mim, tornando-me
O mais verdadeiro amante das tuas
Mais delicadas aventuras"
Fazendo parte do meu eu,
Toma conta das minhas vontades,
Num eterno jogo de bem querer.
Te amar é uma questão natural
Que queima-me o corpo e a alma,
Nunca imaginei-me sem está em ti,
Sei bem que se não tivesse nascido
Nas tuas entranhas, tinhas nascido
Dentro de mim, tornando-me
O mais verdadeiro amante das tuas
Mais delicadas aventuras"
Samuel Barrêto
Podemos
caracterizar a obra de Samuel Barrêto no que se refere a Pedreiras em quatro
aspectos distintos:
O poeta histórico: aquele
que se preocupa em resgatar da sua cidade os traços mais verdadeiros de sua
história, desde a sua origem...
Origem da Princesa*
Índios em ti
habitaram
Fizeram seu
próprio chão
E com esperança
alimentaram
Com fé, força e
paixão.
Os homens então
chegaram
Veio junto a
escravidão
E tudo enfim
mudaram
Tirando da terra
a razão
Depois nasceu
uma princesa
Cheia de luz e
beleza
E um rio cheio
de amor.
A pedra virou
Pedreiras
Mil paixões
verdadeiras
Na alma de um
cantador
Samuel Barrêto
...
passando pelas transformações e agressões que esta foi sofrendo ao longo dos
anos:
“Veredas e
becos, história e lenda,
O traço de tinta quebrando barreiras
A mágoa no peito se abre em fenda
A mágoa no peito se abre em fenda
Nos olhos a dor
de minha Pedreiras
O amor que suporta os anos de guerra
Jamais abandona a sua querida terra
Nos acordes poéticos do forte baião.”
Samuel Barrêto*
O amor que suporta os anos de guerra
Jamais abandona a sua querida terra
Nos acordes poéticos do forte baião.”
Samuel Barrêto*
O poeta engajado: não se envaidece da sua condição
e se permite ser livre para dizer o que pensa em favor de sua terra:
”É muito doído ver
tantas bagaceiras
Que agridem o solo do meu torrão,
São detritos descendo nas ribanceiras,
Males para o povo, doenças no Jordão.
Um cantador que ainda chora na viola,
Alguém vai pedindo esmola na sacola,
Rogando a Deus sem ter muita fé.
É triste te ver assim minha Pedreiras,
Nas mãos das infames feras agoureiras,
Que zombam de todos, tomando aguapé.”
Que agridem o solo do meu torrão,
São detritos descendo nas ribanceiras,
Males para o povo, doenças no Jordão.
Um cantador que ainda chora na viola,
Alguém vai pedindo esmola na sacola,
Rogando a Deus sem ter muita fé.
É triste te ver assim minha Pedreiras,
Nas mãos das infames feras agoureiras,
Que zombam de todos, tomando aguapé.”
Samuel Barrêto*
O poeta Sentimental: este
poeta se enquadra muito bem no que diz (MURRAY, 1951. P. 65) “a poesia é a
expressão natural dos mais violentos modos de emoção pessoal.” O poeta em
questão se rende às emoções quando canta sua terra sem medo ou pieguice.
Porto
da Madeira*
“Mar... Uma lembrança na poeira
Água nos olhos: Só devastação,
Fina saudade do porto da madeira:
Um tempo feliz: Agora, exploração.”
Samuel Barrêto
Esse
mesmo poeta traduz o sentimento dos filhos desta terra e de outros poetas que a
cantam. Como o grande poeta João do Vale:
“todo mundo canta a sua terra/ eu também vou cantar a minha/ modéstia à parte
seu moço/ minha terra é uma belezinha.” Samuel Barrêto é capaz de passar
por uma rua e se comover com a modificação da paisagem que conta a história da
cidade ou de elogiar alguém que consegue conservar uma árvore do passado.
Assim, vem escrevendo umas quadrinhas ilustradas com fotos de pontos
estratégicos e/ou pitorescos desta cidade.
As
praças*
“Nas praças passando horas
Num vai e vem sem cessar
Progresso que nos devora
No que nos faz recordar.”
A
ponte*
“Por onde passa o progresso
por baixo é a água da fonte,
é uma via do nosso regresso,
é que liga o homem a ponte.”
As
marcas do progresso*
“Subindo a Eurico Ribeiro,
onde o Bodinho morou,
recordo o tempo inteiro:
do tempo nada restou.”
O
rio *
“Bem no alto do pão
uma curva do rio,
marcando emoção
sem ter desafio.”
O
estádio*
“O muro protege a bola
lá dentro grita o Nestor,
saudade que nos consola
no gol marcado de amor!”
A
igreja*
“Vou rumo a Igreja,
buscar um amém,
que Deus me proteja,
dos olhos de alguém!”
Samuel Barrêto
Enfim,
podemos conhecer o poeta crítico –
aquele que tem a humildade e é capaz de reconhecer as qualidades artísticas de
outros poetas, ou mesmo reconhecer em pessoas comuns, traços marcantes próprios
dos poetas, que outros podem não perceberem ou simplesmente ignorar. Não raras
vezes nos surpreende com detalhes críticos importantes sobre o trabalho de um
ou de outro poeta ou escritor, e criticas honestas. Somente para citar um
exemplo, é capaz de encantar-se com declarações simples como o comentário o
deste fragmento de um diário de alguém que se sentia só em um hospital e da
janela via sempre as mesmas flores. E desabafa: “eu até pensei em cansar-me de
vê-las. Mas elas não se cansam de serem flores. Por isso eu vou vê-las como se
fossem as mais belas e variadas flores de um grande jardim.”
É
visível a sua sensibilidade em diversos aspectos que não foram enumerados aqui.
Está sempre apresentando algo de novo, como as quadras ilustradas que as
denomina “QUADRAS E IMAGENS” e quando ousa inovar como o fez o grande poeta
brasileiro, Carlos Drummond de Andrade:
No
meio do caminho
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.”
(DRUMMOND, 2008)
Quem se
arrisca a interpretar o poema de Drummond? Que tipo de pedra havia naquele
caminho?
Pois da
mesma forma o poeta pedreirense personifica as mágoas de uma meretriz, a
corrida do rio ao mar, entre outros.
“Todas as manhãs
Ela lava as mágoas
Ele no seu passar
lento
Fica em silencio
Entende com calma
Cada noite é uma
fantasia
É amor de ilusão
Na madrugada poesia
Que maltrata o
coração.”
Samuel Barrêto*
Não
se concebe um poeta longe do povo. A sua vida deve estar intrinsecamente ligada
à sua gente. E isto é muito simples para o nosso poeta Samuel que prefere estar
com as pessoas para delas extrair a inspiração dos seus versos, e a elas
dedicá-los.
“Na sua banca ela
vendia tempero
Colocando o gosto de
bom cheiro
Lutando por pão no
seu dia a dia.
Cecília Meireles e
Manuel Bandeira,
Que ela se abanava
naquela cadeira,
Matando o seu calor
com poesia.”
Samuel Barrêto*
Enquanto
escreve vai deixando no papel a marca da sua alegria, dos mais ousados sonhos,
seus e do povo de quem fala. Das necessidades da sua gente, das conquistas e
dos devaneios de alguns. Há no poeta e escritor, um anseio por justiça e
igualdade entre os povos, que são perceptíveis em sua obra “A RUA DA GOLADA E
SUA IDENTIDADE,” nesta coletânea de assuntos há uma mistura de verdade,
fantasia, indignação e clamor por justiça, entre outros.
No
decorrer da leitura é possível rir das peripécias do Cabo Reis ao prender a
prostituta Clemilda que sempre enganava os soldados valendo-se do seu corpo
como pretexto para não ser presa. “Era
uma bela mulher que todas as tardes tomava banho totalmente nua, num porto
localizado na Rua da Golada, e muito marmanjo já tinha cadeira cativa para
assistir o espetáculo da natureza. Só que o pior estava para acontecer: as
mulheres casadas, as moças, as beatas e as viúvas fizeram uma denúncia para
todas as autoridades do município tomarem uma dura providência, coibindo aquela
pouca moral de todas as tardes.” Como Clemilda era muito esperta e sempre
enganava a polícia.
Quando lhe davam voz de prisão ela não reagia
e simplesmente pedia o vestido que se encontrava em algum lugar visível. Prontamente se vestia, saia molhada e dizia ao
policial. “O senhor não pode me prender,
afinal eu estou banhando vestida.” Desta vez e de outras não foi presa. Para
alegria da moça e dos que a assistiam, e decepção do soldado encarregado da
diligência. Chegou então a vez do Cabo Reis que foi cumprir com determinação a
missão que lhe fora confiada. E como bom estrategista que era, maquinou uma
forma eficaz de dobrar a esperteza da moça.
Chegando
ao local do suposto crime, encontra a despudorada em seu banho vespertino e a
interpela nos seguintes termos: “esteja
presa, isto é uma ordem, saia já de dentro do rio.” Da forma costumeira
Clemilda pede o vestido, mas Cabo Reis não a atende e ainda aponta-lhe a arma e
a conduz nua até a delegacia. Esta é apenas uma do famoso Cabo Reis que ninguém
sabe se realmente foi cabo algum dia. Mas que nos faz rir, isso faz.
E
vai relatando fatos isolados que,emparelhados vão formando uma sequência de verdades
que podem nos levar a refletir sobre coisas que acontecem diariamente e são, na
maioria das vezes, imperceptíveis à maioria das pessoas, mas não ao autor que
ora se comenta. Pode parecer distraído para uns, insensível para outros, até
boêmio. Mas enquanto parece desligado é que está em plena atividade. E nada lhe
passa por despercebido.
Detentor
de uma sabedoria que lhe permite analisar os acontecimentos e extrair deles,
lições devida e canalizar seus conhecimentos de mundo para a vivência em
sociedade. Ao ouvir as histórias vai processando-as na mente até transformar uma
ocorrência em aula de cidadania. Em sua obra aborda assuntos ocorridos no
passado relacionados a temas bem atuais. Trata-se do caso do rapaz que era cego
e esmolava. Alguém lhe oferece uma cirurgia e volta a enxergar.
Tempos
depois o benfeitor encontra o mesmo rapaz esmolando e lhe pergunta: por que
ainda pedes esmolas se agora enxergas? “O jovem respondeu: Senhor Azeitona, peço
desculpas, mas a única coisa que sei fazer é esmolar. Esse foi o oficio que
meus pais me ensinaram depois que eu tinha perdido a visão, e hoje com quase
trinta anos de vida, é difícil habituar-me a outra labuta.” A lição tirada
desse fato foi: “não basta só ter
liberdade, é preciso tem mecanismo de cidadania para exercer a liberdade
conquistada.”
Não
é, e nem quer ser imparcial quando se trata de coisas que ferem. É didático quando o assunto é do interesse
coletivo.
“Os comunistas falam para o povo que
estão querendo é igualdade para todos; quando todos trabalham juntos, é melhor
para o crescimento da comunidade;vou juntar meus vizinhos e vamos fazer um grande
mutirão em favor do desenvolvimento. Primeiro vamos começar por nossa
comunidade; depois vamos para outras e, em seguida vamos para a cidade, quando
Dr. Getúlio souber de nossas benfeitorias, vai mudar de opinião em relação aos
comunistas. Somos todos comunistas, somos do povo, aqui não entra orgulhista.”
Chiquinho Comunista.
O
autor de “A RUA DA GOLADA E SUA IDENTIDADE” é, sem dúvida um artista da
palavra. Se por seus versos consegue convencer a quem os lê de que foram
escritos para si, da mesma forma em suas crônicas apresenta temas que fazem
parte do dia a dia das pessoas e, está sempre atento aos acontecimentos. Uma de
suas preocupações é com a educação. Em sua crônica “Digitais do nome” trata da
situação do atual dos sindicatos em relação à sua função e em que se transformou
todo o propósito inicial de luta e assessoria aos seus associados, para se
transformar, obrigatoriamente, em veículos de aposentadoria.
“No Brasil os Sindicatos dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais tem uma importância muito grande em quase
todas as lutas pela conquista da liberdade e direitos que tantas vezes foram
negados ao povo. Só que hoje o sindicalismo passa por uma crise de identidade e
é justamente dentro dos Sindicatos Rurais que vejo a pior delas, não quero
estender a todos, pois assim estaria sendo injusto com alguns. Basta qualquer
pessoa acompanhar o dia a dia de um sindicato que vai notar a mesma conversa: -“Quando
vai sair a minha aposentadoria?”Outro só que saber de uma perícia médica para
poder galgar chamado encosto. Em sindicato pouco se fala em política sindical
ou na questão da agricultura familiar que em minha opinião é sem sombra de
duvida um salto de qualidade do Governo Federal, que tem muitos outros
programas para o homem do campo, que vai além da alfabetização até a assessoria
para outras técnicas avançadas de plantio, só que infelizmente a maioria dos
sindicatos só estimulam o lavrador para o foco da aposentadoria.”
E
continua no sindicato que é um dos lugares onde mais se usa a impressão digital
como forma de identificação para os que não aprenderam escrever o próprio nome. “O dedo não foi feito somente para melar de
tinta e supostamente espelhar a identidade de um homem ou mulher através das
impressões digitais, ele tem tanta utilidade que até mesmo um gesto pode causar
revolução.”
A
palavra é a ferramenta do escritor, do poeta, do sacerdote, do advogado etc. É
anterior à criação, como cita o evangelista João 1,1: “No principio era o verbo”. Anterior à escrita, mas não envelhece.
Evolui. O poeta e o escritor têm cumprido o seu papel, na medida em que levam
ao leitor uma proposta de leitura enriquecedora. Ao mesmo tempo em que
proporciona alegria fazem com que o leitor identifique-se com as palavras que
escrevem.
Essa
poderosa ferramenta milenar que tem sido usada muitas para ofender as pessoas,
para fazer ameaças ou para mentiras deveria ser, então, direcionada para outros
fins como para fazer um bom elogio a alguém, a partir de um belo poema ou uma
crônica bem elaborada. Se a poesia é a arte da palavra então não se pode
desperdiçá-la. Nas primeiras sociedades agrícolas a poesia era recitada em
rituais de agradecimento pela boa colheita. Quanta sabedoria possuía aquele
povo! A Bíblia Sagrada está posta em prosa e verso.
Ao
longo do tempo, o poeta enquanto criador foi transformando a poesia em uma arte
capaz de revelar a essência do homem em meio a tantos desacertos. Octavio Paz
(2003, p. 42), faz uma revelação coerente quando expõe em seu El arco y la lira que “El poema no es una forma literaria, mas
sino el lugar de encuentro entre lapoesía y elhombre”. Portanto, não há dúvida
de que os poetas em todos os tempos, estiveram com a razão.
¹ Rita Pereira de Oliveira é licenciada
em Letras, professora da rede pública em Pedreiras – MA, poeta e memorialista.
Experiência com projetos literários envolvendo criação poética com o público
estudantil, do qual resultou a obra “CIRANDA POÉTICA”. Têm inédito um livro de
memórias.
*
Poemas e trechos de poemas coletados de obras ainda inéditas do autor
Referências
Bibliográficas
ARISTÓTELES. Poética. Sel. textos: José Américo
Motta Pessanha. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Os
pensadores).
BARRÊTO, Samuel de Sá. A Rua da Golada e sua identidade. São
Luis/MA: SECMA. Fort com. Gráfica e editora , 2009.
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Editora Ave
Maria, 1993.
MURRAY, J. Middleton.El estilo literário. Tr. Mexicana.
México Buenos Aires – Fondo de cultura económica (1951. P. 65).
MOISÉS, Massaud, A Criação Literária. São Paulo: Editora Cultrix, 1967.
PAZ, Octavio. La casa de la presencia. Obras completas – Edicióndel autor.
México, D. F.: Fondo de Cultura Económica, 2003.
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