Por uma Academia Engajada na Cultura!
É notável em nossa região o número de Academias de Letras,
assim como também é notável a vocação para poesia e escrita que é remanescente
entre os nossos: ABL - Academia Barra-Cordense de Letras; ABL - Academia Bacabalense
de Letras; APL -
Academia Pedreirense de Letras; AEL - Academia Esperantinopense de Letras e a ALL - Academia Lagopedrense
de Letras. Eis
algumas das oficinas de valorização e propagação da cultura do povo das cidades
privilegiadas. Outrora, a finalidade destas instituições seria zelar por uma
unidade nacional da língua, porém, agora a missão constituída é zelar pela
expressão do povo enquanto identidade cultural e popular. Popular não no sentido
contraditório ao erudito, mas, de legitimidade, e ainda de propiciar a
elucidação do nosso pensamento, de sua imortalização através da escrita da
história, dos anseios, dos amores, da devoção e da tradição do povo.
Trago este tema à tona, porque neste próximo final de
semana serão realizadas as posses das diretorias de dois Sodalícios citados
acima, na APL
serão empossados:FILEMON KRAUSE, Presidente; SAMUEL BARRÊTO, Vice-presidente: JOAQUIM
FILHO, 1ª Secretária; FLORISA LIMA, 2º Secretário; NONATO MATOS, 1º Tesoureiro;
EDIVALDO SANTOS, 2º Tesoureiro; MOISÉS ABÍLIO, Diretor de Marketing e Cultura.
Enquanto na Academia Bacabalense de Letras
empossam-se os confrades: FRANCISCOJOSÉ DA SILVA, Presidente; JOÃO BATISTA DA
COSTA FILHO, Vice-Presidente; RAIMUNDO LAÉRCIO DE OLIVEIRA, Secretária Geral;
MARIA RAIMUNDA LOPES COSTA, 2ª Secretária; ELIENE LOPES DE SOUZA, 1º Tesoureiro;
JACSON LAGO FERREIRA, 2ª Tesoureira; ALINE FREITAS PIAUILINO, responsável pela Biblioteca.
Hoje o maior
patrimônio intelectual de nosso povo é a língua.
Ela é nosso DNA cultural que mantém viva as
tradições com as raízes mais profundas em nossa comunidade. Por isso, se torna tão importante
que exista uma entidade representativa das
letras, para que seja a guardiã do pensamento
e criatividade de cada Aldeia. Mas será que é assim mesmo que acontece? As
Academias do interior do Maranhão são alvos de críticas, no entanto, estas deveriam se diferenciar àquelas que estão localizadas nos grandes centros, e não proporem-se a continuar a ser
somente um templo aristocrático de cultura em torno de personalidades
literárias. Não afirmaria que não possam existir personalidades literárias, até porque nos orgulha
que o Maranhão possua muitas delas, desde os primórdios de sua História. Mas, que
as Casas Literárias não se afastem de promover a cultura popular dos locais em
que estão fincadas, a não ser por esporádicos eventos em que poucos são os
acadêmicos que participam efetiva e ativamente.
Fico triste com alguns acontecimentos que envolvem o
cotidiano de nossas Academias, e sobre os quais a maioria das vezes são
poupados comentários por recalque ou mesmo tolhimento. Porém, não consigo
deixar de citar quando percebo que existem pessoas ligadas às confrarias que somente
estiveram no dia da posse, há meses, anos e até décadas atrás... Pessoas que
não representam o engajamento precioso pelo qual se faz uma comunidade
valorizadora da cultura e da arte em seusmuitos aspectos...
Vamos despir os fardões? E fazer militância literária nas
ruas e praças... Vamos nos desmistificar das páginas dos livros publicados? Recitar,
ensinar e palestrar nas escolas... Até quando vamos deixar que os quilômetros
que nos separam da terra em que “ainda” fazemos parte de uma Academia, nos
impeçam pelo menos de dar nossa contribuição intelectual e financeira a ela?
Não, um enterro com a gala acadêmica não tornará uma vida imortal... Imortal é
a história que deixamos pelos rastros de nossa própria escrita e ações em prol
da instituição da qual fazemos parte!
E por falar em escrita... Vamos produzir escrita? Quer seja
literária, poética, didática, científica... Porque como acadêmicos que somos, temos que nos
envergonharmos caso estivéssemos estagnados ao título que recebemos de poeta ou
escritor ou pesquisador, há tempos... E sem nunca provar a que viemos... Porém,
antes de tudo isso, devemos ocupar os bancos vazios das nossas reuniões...
Não, o que era pra ser crônica, não passou a ser algo como
“puxão de orelhas” literário... Ainda é crônica, e utilizando a beleza de
significações de nossa “Flor do Lácio”, hoje tão inculta e felizmente popular, ainda
porta voz da identidade tão regionalmente nossa, desejamos que essa crônica não
cronifique um mal que não era pra ser crônico, que ela possa abrir janelas de
mentes e assanhar disposições e assim quem sabe... Construirmos uma casa que acomode
verdadeiramente os moldes de nossa cultura, geridas e formadas por pessoas
comprometidas com a arte local.
Encerramos com as palavras do novo presidente eleito da Academia
Bacabalense de Letras: "A Academia somos nós, é uma
fotografia digital do povo de Bacabal, por isso merecemos o respeito das
autoridades, somos a casa do artista da palavra, expressão maior de nossa
cultura, uma academia é muito mais do que fardões sessões solenes enfadonhas e
distantes da realidade da comunidade, vamos fazer uma gestão diferente, quase
rebelde, colocar a academia nas ruas, praças, escolas, universidades, e fazer
valer as idéias de nossos ancestrais literários..."
Ana Néres Pessoa Lima
Góis
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